domingo, 22 de janeiro de 2012

Eficiência e Hedonismo na Igreja



Walter McAlister


mas existe algum mal em querer ser visto como eficiente ou bem-sucedido?




A Igreja não é chamada para ser eficiente, grande ou rica. Ela é chamada para ser fiel. E fidelidade pode ser algo muito pequeno, demorado e sofrido. Para sermos fiéis temos de estar dispostos a sermos considerados malsucedidos pela sociedade – até irrelevantes –, porque a verdadeira Igreja é irrelevante para a sociedade. Ela é relevante para Deus e para o Reino de Deus. Nossos alvos não são os mesmos da sociedade. Hoje em dia seria considerado um absurdo e um desperdício se um homem gastasse boa parte da sua vida pintando o teto de uma capela. Mas quem pode negar o quanto a Capela Sistina no Vaticano enriqueceu a Igreja e o imaginário dos fiéis na sua busca de louvar a Deus?

Mas a Igreja quer aplausos, e já. Faz um grande evento, o governador aparece e todos acham que uma grande coisa aconteceu. Para mim, a aparição do governador não importa. A busca de comendas, aplausos e reconhecimento da Nossa contribuição à sociedade é vaidade e correr atrás do vento. Quem faz isso desperdiça seu ministério e sua vida.

Temos de remir o tempo porque os dias são maus. Ou seja, temos de toma-lo de volta e usá-lo bem. Einstein disse que a qualidade da nossa vida não pode ser medida pela velocidade na qual nós a vivemos. Quem chega ao fim tendo feito mais não leva nenhum prêmio. Só os fiéis serão galardoados.



Vivemos numa sociedade extremamente hedonista, 
onde as pessoas buscam desesperadamente o prazer,
e vemos que o hedonismo entrou com uma força enorme dentro das igrejas. Como o senhor enxerga a civilização hedonista de hoje? 


Falida. O hedonismo (1) foi o tendão de Aquiles de Roma. Minha única pergunta é: quais são as tribos bárbaras que vão nos desfazer de vez? Porque, se vivemos em função de pão e circo, como Roma (2) fez, é só uma questão de tempo para uma tribo mais dedicada, mais coesa, com um tônus social e filosófico mais forte, nos invadir e conquistar.

Historicamente, o hedonismo generalizado é um dos sinais de uma civilização que está morrendo. E nossa civilização está morrendo. Não somos mais movidos por ideias ou ideais, só queremos saber do agora, do prazer. Isso quer dizer que estamos vivendo o fim de uma era, tanto cristã quanto ocidental. O Ocidente está agonizando. É extremamente importante que enxerguemos isto. Nós estamos à beira de uma mudança cataclísmica na estrutura e na face da nossa civilização. O mundo está para ser estremecido, mudando sua face, a maneira pela qual as pessoas se relacionam, as regras de convivência social, a definição do que se entende por um “ser humano”. E, com o mundo, a Igreja como nós a conhecemos ou será reformada ou morrerá. Hedonismo não é a doença, é um sintoma de algo muito mais profundo e grave.



mas ninguém quer viver sem sentir prazer, é uma característica natural do ser humano. Qual é o ponto de equilíbrio? Como podemos viver inseridos numa sociedade hedonista de modo que não precisemos nos flagelar dia e noite, mas que também não nos entreguemos ao exagero do prazer? 

O ponto de equilíbrio está na entrega a Deus, na comunhão com Deus, numa vida vigorosa com Deus. É pôr tudo sob o senhorio de Cristo. Temos de fazer tudo para a honra e glória de Deus. Se não houver esse equilíbrio você vive para o trabalho, para o prazer ou para outra coisa qualquer. Mas quem vive para Deus vive em equilíbrio. Só Deus põe a vida em equilíbrio. Este equilíbrio não é medido em horas de leitura ou oração. É um compromisso de vida. É um modo de se ver tudo, de decidir tudo.

Agora, sei que o que acabo de dizer parece uma fórmula simples face a uma enxurrada complexa de calamidades iminentes. Mais tarde vou tentar esmiuçar isso de modo que o caminho pareça mais claro. Todavia, o caminho começa com um compromisso de servir a Deus, custe o que custar. O ponto de partida ainda é um compromisso de vida e morte com Cristo, Deus conosco – não só de palavra, mas por meio de atos e prioridades práticas.



(1). O hedonismo (do grego he-done, que significa “prazer”) é uma teoria ou doutrina filosófico–moral que afirma ser o prazer individual e imediato o bem supremo da vida humana. Surgiu na Grécia, na época pós-socrática. (2) A queda do império romano foi causada por uma série de problemas internos que o fragilizaram e o puseram à disposição de invasões de outros povos, os conhecidos bárbaros.











Leia Mais em: http://www.genizahvirtual.com/2011/09/eficiencia-e-hedonismo-na-igreja.html#ixzz1kBhnsv6F
Under Creative Commons License: 
Attribution Non-Commercial Share Alike

Nenhum comentário:

Postar um comentário