terça-feira, 16 de novembro de 2010

Examine o homem a si mesmo


Examine o homem a si mesmo

Gorda ou Magra?
Temos realmente condições de nos auto-avaliarmos?

Existem apenas dois cerimoniais obrigatórios no Cristianismo: O Batismo e a Ceia.

Certamente, muitos dirão que a necessidade de estarmos numa igreja, cumprindo horários, escalas, obrigações junto a líderes, grupos, e o que seja, é algo importantíssimo para a “obra”, que tem que continuar a qualquer preço. Nada disso foi imposto por Jesus. Ele disse simplesmente: “Ide”.

Tal afirmação deverá ser um alívio para aqueles que estão submersos no ativismo religioso, e sentem-se culpados quando cansaço – por muitos tratado como um pecado quase imperdoável – vem nos arrastar para cavernas isoladas, longe das vozes dos irmãos que um dia amamos tanto, mas curiosamente, passaram a nos incomodar, e em alguns casos, nos irritar profundamente.

Quantos pastores secretamente clamam por um “sabá”? Um dia inteiro de descanso, sem nenhuma obrigação de serem os profissionais da fé, obrigados a ter as respostas para todas as dores, de engolir todos os desaforos, de serem tratados como uma ferramenta ótima no momento da dor, de terem sempre uma nova Palavra.

Examine o homem a si mesmo – ordenou Paulo, antes da Ceia.

Ceia é estar juntos com os nossos numa mesa, reunidos com a mesma intenção, celebrando a mesma crença, e nesta mesa, o auto da “Crença” também deve estar. Um momento comum. Comunhão.

Quanto a me auto-examinar, como assim ordenou o apóstolo dos gentios, parece-me um voto de confiança que não mereço: sou parcial, ou me julgo indigno e porco, errado e profano, incompleto e vil, ou vou ao extremo de achar que sou digno e merecedor, que tenho méritos e capacidades, honrarias e admiradores.

Normalmente, após quase vinte anos de Caminho, se pudesse, escolheria não examinar. Descansar um pouco desta guerra sem fim. Prefiro imaginar que Ele, para minha vergonha e humilhação, sentou-se novamente a minha frente, descamisado, e pôs-se a lavar meus pés, de unhas encravadas, com toda a espécie de joanete e olho-de-peixe. Imagino o Mestre franzindo a testa por conta do odor de queijo que sobe de entre os dedos.

Estranhamente, nessa imerecida limpeza, relaxo, esqueço das minhas burradas, e vejo que Ele já as esqueceu faz tempo.

Respiro aliviado ao ver que minhas parcas obras não me fazem indignos da mesa, assim como meus piores pecados, dissolvidos nas mãos furadas que lavaram meus pés.

Meu sabá tão esperado então já está em minha alma, enquanto ainda faço uma oração agradecido, mastigando o pão, dissolvido com o suco da uva. Mas um check-point nesta caminhada.

Estranhamente, quando cria que deveria ter bagagens, vejo que Jesus as remove, e a cada segundo precioso na presença dele, o fardo fica mais leve, apesar dos amigos e irmãos que ainda não perceberam a intenção Dele: aliviar nossos fardos, manter leve nossos jugos.



Zé Luís colabora no Genizah

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